A arte de viver da Amizade

Desde a Grécia Antiga até o isolamento social vivido na pós-modernidade, a amizade mostra-se essencial e saudável para o homem e as suas relações.
POR IVO JOSÉ TRICHES


Ivo José Triches é formado em Filosofia e Especialista em Pensamento Contemporâneo pela PUC-PR; em Filosofia Política pela UFPR e Filosofia Clínica pelo Instituto Packter. Mestre em Mídia e Conhecimento pela UFSC. É professor da Pós-graduação das Faculdades Itecne no Paraná. ivo@ itecne.com.br

Tema que acompanha a história da Filosofia durante os tempos, sob o olhar de grandes pensadores como Epicuro e Aristóteles, a reflexão sobre a amizade torna-se pertinente em tempos de tecnologia e isolamento social cada vez mais atuantes em nossas vidas. E a “cura” desses males modernos seria justamente os amigos, as companhias “extremamente necessárias à vida”, da juventude à velhice, como diria um dos mais influentes filósofos gregos, Aristóteles.
Para a Filosofia, a amizade pode nos ajudar a melhorar o endereço existencial, ou seja, a possibilidade que temos de melhorar as condições históricas de nossa existência.
Vivemos no momento histórico em que o mundo do ciberespaço parece mostrar que é possível viver no mais puro solipsismo (crença filosófica segundo a qual, além de nós, só existem as nossas experiências). Tudo parece corroborar para isso e a violência também contribui para agravar a situação, principalmente nos grandes centros urbanos. Assim, existe a ilusão de que é possível viver sem amigos, e de que a tecnologia suprirá esta lacuna.
HERMÍNIO OLIVEIRA - AGÊNCIA BRASIL
Com o cristianismo surge o amor caridade em forma de uma tríade, que engloba o eu, o próximo e Deus
Para fazer frente ao isolamento social característico dos nossos dias, de acordo com Aristóteles, “de fato, de que serviria tanta prosperidade sem a oportunidade de fazer o bem, se este se manifesta, sobretudo e em sua mais louvável relação com os amigos? Ou, então, como se pode manter e salvaguardar a prosperidade sem amigos? Quanto maior for ela, mais perigo correrá. E, por outro lado, as pessoas pensam que na pobreza e no infortúnio os amigos são o único refúgio”.
Para Aristóteles, a amizade pode ajudar os jovens a evitar o erro, auxilia os mais velhos à medida que serão amparados em suas necessidades e os que estão em pleno vigor da idade poderão ter suas ações melhoradas. Para ele, isso ocorre porque amigos são pessoas “que andam juntas” e por isso “são mais capazes de agir e pensar ” um procurando lapidar o outro.
No mundo grego, a amizade ocupava um lugar de destaque. Contudo, acreditava-se que a amizade autêntica só poderia ocorrer entres os homens. Com o advento do Cristianismo, o amor Philia foi relegado a um segundo plano. No seu lugar, o amor se destaca. E por quê? Por causa do amor caridade triádico. Para os cristãos, só existe sentido eu amar o próximo se nele eu puder ver a imagem e semelhança de Deus. Por isso, exige que no amor caridade este ja presente três seres: eu, o próximo e Deus. Ao passo que a amizade é diática. Porque a relação ocorre entre mim e o outro, apenas.

AS VÁRIAS FORMAS DE AMOR
Em nossa língua portuguesa utilizamos o conceito amor para definir muitas coisas. É comum ouvirmos
pessoas que dizem: ”eu amo meus pais! Eu amo meus filhos! Eu amo a natureza!” Quem é mais
religioso costuma dizer: “eu amo vir à igreja!” Entre os jovens, às vezes ouvimos: “eu amo tal pessoa! 
Hoje eu quero encontrar alguém para fazer amor!” Assim, o significado da palavra amor toma dimensões 
diferentes conforme o caso e a situação.
No momento histórico em que a Filosofia começou a se afirmar como mais uma forma de conhecimento
da realidade, no mundo grego, o conceito amor tinha pelo menos oito significados diferentes.
A primeira forma de amor era o Pornéia1, ou seja, um amor voraz e devorador. Como exemplo, temos o
amor da criança em relação ao processo de amamentação. Depois nos deparamos com uma forma de
amor possessivo a que eles chamavam de amor Pathé e mania. Observe que é o mesmo radical da
palavra patologia e o mesmo de paixão.
Daí que, para Platão, a paixão era uma enfermidade do coração e precisava ser controlada. Na escala
dos diferentes níveis de amor, segundo os gregos, encontraremos o amor Eros. Aqui temos o amor 
desejo, isto é, “eu a amo, por isso maravilhome com ela. Quero que ela esteja próxima a mim para 
que eu possa cuidá-la”.Estas três primeiras formas de amor são definidas como “amor sentimento” 
porque elas nascem na parte vegetativa, como dizia Aristóteles. A primeira forma de “amor atitude” 
que assim definimos, para os gregos, era o amor Estorgue, o que para eles tinha o significado de amor 
harmonia. Ele ocorre em nós quando desejamos nos harmonizar com os outros, com nós mesmos 
ou com a natureza. O tipo seguinte de amor é o Philia: amizade.
Para os gregos, esta forma de amor sofria variações. A forma de amor entre parentes, dos pais para
com seus filhos e vice-versa, era denominada de amor Physiqué. A Philia Zeiniqué era o amor como 
hospitalidade, por exemplo, no ato de receber bem os amigos em nossos lares. Já a Philia Estouriqué 
significava o amor entre duas pessoas, uma doando-se à outra, querendo também que o outro seja feliz, 
um sem ter inveja do outro. Portanto, a autêntica amizade.
O amor Énnoia como devotamento, como dom ou doação, e o amor Kháris, gratidão. Para eles, era
muito significativo olhar para alguém e poder dizer: “muito obrigado por você existir na minha vida!” 
Se usarmos o arco-íris como metáfora, poderíamos dizer que a última cor seria o amor .
Este, para os gregos, significava a gratuidade, o amor incondicional ao outro. Eu faço o bem pelo
prazer de fazê-lo, sem desejar nada em troca. Ou seja, o que os cristãos2 chamam de amor caridade. 
É importante destacar o fato de muitos atores sociais só conhecerem algumas cores deste “arco-íris”, 
razão esta que nos permite compreender por que suas dores existenciais normalmente se manifestam 
em suas vidas.

1 Estes conceitos foram inicialmente apresentados por Jean-Yves Leloup, autor do livro O corpo e seus símbolos (Editora Vozes). 
Ao compreendermos esta primeira forma de amor chegaremos à etimologia da palavra pornografia. Formada pelo prefixo 
Porno = derivado dePornéia e pelo sufixo grafos = escrita, descrição. Daí seu significado.
2 Ao encontrar-se com a cultura grega que ainda estava latente no mundo romano, os apóstolos contaram o que Jesus tinha feito. 

Então os gregos passaram a se referir a ele como o maior exemplo de amor . Depois, com a tradição, difundiu-se a idéia de que 
o amor é o amor sobrenatural. O amor de Deus para conosco.

CARIDADE ABSOLUTA
A teologia cristã exige que a caridade seja absoluta. Devemos amar a todos indistintamente. Na amizade, não é isso que encontramos. Sua dimensão é facultativa, eu posso escolher com quem eu quero construir uma relação de amizade. Uma terceira característica que diferencia esta forma de amor é que, se para a caridade a relação pode não ser recíproca, para o amor Philia exige-se a reciprocidade. Assim, não é possível ser amigo de alguém que não seja, por sua vez, meu amigo.
SHUTTHERSTOCK
Ao longo dos séculos da era cristã, a hegemonia do amor caridade foi absoluta. No entanto, no século XVIII, com o surgimento do Iluminismo, esta forma de pensar começou ser questionada. Foi um período histórico em que a possibilidade de haver também amizade entre os dois sexos começou a ser cogitada. Isso ocorreu porque os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade começaram a ser difundidos de forma mais intensa. Neste momento, o amor Eros também se destaca. O que vemos a partir daí foi a anexação da amizade por parte do amor Eros e do amor Philia. Isso ocorre durante os séculos XIX e XX.
De acordo com a tese de Máximo Baldini, na sua obra Amizades e Filósofos, não se pode aceitar que seja dado um atestado de óbito ao amor Philia. Assistir a essa “morte”, de braços cruzados, é permitir que as dores existenciais se proliferem por toda a parte.
Ao começar a escrever sobre este assunto, Aristóteles diz que a amizade é absolutamente necessária à vida. O argumento que justifica a afirmação reside no fato de que “ninguém escolheria viver sem amigos, ainda que dispusesse de todos os outros bens, e até mesmo pensamos que os ricos, os que ocupam altos cargos e os que detêm o poder são os que mais precisam de amigos”.
QUANTO AO NÚMERO IDEAL DE AMIGOS
Afinal, de quantos amigos eu necessito para viver bem e ser feliz? Esta questão também foi respondida por Aristóteles. O que parece evidente é que ele, mais uma vez, confirma aquilo que se repetia com freqüência no pensamento de outros filósofos da época do mundo grego, qual seja, a idéia da justa medida.
Deve-se buscar sempre o meio-termo. Nem ter amigos em excesso nem querer viver sem nenhum amigo. Por isso, em relação a esta questão, ele diz que “parece que convém não procurar ter o maior número de amigos que pudermos, mas somente quantos forem suficientes para os fins do convívio, visto que parece impossível ser um grande amigo de muitas pessoas”.

A LEITURA DE ARISTÓTELES
O que torna a leitura acerca deste tema significativa na obra de Aristóteles são as três definições de amizade que ele apresentou (mais tarde, Kant retoma tais definições apenas estabelecendo uma pequena diferença na terceira).
Para o filósofo o primeiro tipo de amizade é a amizade útil. São “aqueles que fundamentam sua amizade no interesse, amam-se por causa de sua utilidade, por causa de algum bem que recebem um do outro, mas não amam um ao outro por si mesmos”. Este tipo de amizade ocorre principalmente entre os mais velhos. Isto é, se preciso de um médico de confiança ou de um sapateiro, então me aproximo deles e faço amizade. Quando já não preciso do médico e nem tenho mais calçados para mandar arrumar, já não mais necessitarei ter amizade com eles.
ACERVO CIÊNCIA & VIDA
O convívio só lhes é agradável enquanto desperta uma na outra a esperança de que algum bem lhes possa acontecer.
O segundo conceito de amizade é o de amizade agradável, razão pela qual “o mesmo se pode dizer a respeito dos que amam por causa do prazer; não é por causa do caráter que os homens amam as pessoas espirituosas, mas porque as consideram agradáveis”. Este tipo de amizade não deixa de ser egoísta, porque “os que amam os outros por causa do interesse, amam pelo que é bom para eles mesmos”. Entre os jovens, esta se destacaria, uma vez que eles são guiados mais pela emoção e procuram mais o que lhes dá prazer.
Estas duas primeiras idéias demonstram tipos de amizades que apenas delimitam meios para se atingir um determinado fim. Por isso, Aristóteles nos diz que são amizades acidentais, “pois a pessoa amada não é amada por ser o homem que é, mas porque proporciona algum bem ou prazer. É por isso que tais amizades se desfazem facilmente se as partes não permanecem como eram no início, pois, se uma das partes cessa de ser agradável ou útil, a outra deixa de amála”. Isso ocorre porque, como sabemos, “útil” e “agradável” são valores relativos, ou seja, se modificam constantemente.
Para o filósofo brasileiro Leonardo Boff, a estrutura central do ser humano não é a razão e sim o afeto
Contudo, há um terceiro conceito, este, sim, definido e apresentado por Aristóteles como sendo a amizade ideal. É a amizade perfeita. Sua definição: “é aquela que existe entre os homens que são bons e semelhantes na virtude, pois tais pessoas desejam o bem um no outro de modo idêntico, e são bons em si mesmos”. Este tipo de amizade não é acidental. Pode tornar-se permanente uma vez que “aqueles que desejam o bom aos seus amigos por eles mesmos são amigos no sentido mais próprio, porque o fazem em razão de sua natureza e não por acidente”.
Ele retoma este conceito presente no pensamento de Platão, que, no diálogo chamado Lísis ou da amizade, escreve o seguinte: “somente o homem de bem é amigo do outro homem de bem, ao passo que o malvado não pode chegar à verdadeira amizade nem como o homem bom nem com outro malvado”. Decorre daí a idéia central de que o amigo perfeito é aquele que ajuda o outro a encontrar o caminho do bem. Por isso, ela só pode ocorrer “entre duas pessoas que sejam sensíveis e virtuosas”, como dizia Voltaire.
ACERVO CIÊNCIA & VIDA
Leonardo Boff, doutor em Filosofia e Teologia. Para ele, a amizade ocupa papel de destaque nas relações humanas, sendo o afeto a estrutura central do homem e não a razão
Outro aspecto a ser destacado é que uma amizade desta natureza requer tempo e prática. Às vezes eu posso conhecer uma pessoa há 20 anos, mas não posso dizer que sou sua amiga. E por quê? Vejamos a resposta que ele nos apresentou: “além disso, uma amizade dessa espécie exige tempo e intimidade. Como diz o provérbio, as pessoas não podem conhecer- se mutuamente enquanto não tiverem ‘consumido muito sal juntas’; e, tampouco, podem se aceitar como amigos enquanto cada um não parecer digno de amizade ao outro, e este não lhe houver conquistado a amizade.As pessoas que depressa mostram mutuamente sinais de amizade desejam tornarse amigas, mas não o serão, a menos que ambas sejam dignas de amizade e reconheçam este fato, pois um desejo de amizade pode até surgir depressa, porém a amizade não”.
Considerando os fatos expostos, pode-se dizer que amizade é um conceito aplicável a todas as formas de relações sociais. Não há amizade, por exemplo, entre os traficantes. Um é apenas comparsa do outro, uma vez que ambos são especialistas na morte e não em desejar o bem da coletividade. São malvados pelas suas atitudes. “De fato, as pessoas más não se deleitam com o convívio uma das outras, salvo se essa relação lhes traz algum proveito” e, ainda, “os criminosos não parecem propensos à amizade, pois tais pessoas não têm muito de agradável, e ninguém deseja passar seus dias com pessoas cuja companhia é dolorosa ou não é agradável, já que a natureza parece evitar acima de tudo o que é penoso e buscar o agradável”, escreveu Aristóteles. Daí não ser possível a amizade entre eles.
Utilizar de modo indiscriminado a amizade para significar qualquer tipo de contato social presente em nosso cotidiano é contribuir para a banalização do conceito.
ART RENEWAL INTERNATIONAL
Segundo os gregos, a amizade autêntica só era possível entre pessoas do sexo masculino. Visão que irá mudar com o Iluminismo
Segundo Aristóteles, a amizade é mais importante que a justiça, e o argumento que justifica tal afirmação é o seguinte: “quando os homens são amigos não necessitam da justiça, ao passo que mesmo os homens justos necessitam também da amizade; e considera-se que a mais autêntica forma de justiça é uma espécie de amizade”.
O que torna esta afirmação significativa é a possibilidade de pensar que, se de fato tal pessoa é minha amiga no sentido de existir entre nós uma “amizade perfeita”, como o filósofo grego definia, logo não haverá espaço para que eu pratique alguma injustiça contra esta pessoa. O que importa dizer é que na amizade já está implícita a importância de ser justo em relação aos outros. Ao escrever sobre este tema, Aristóteles novamente destaca a importância da amizade quando diz que ela “não é apenas necessária, mas também nobre, pois louvamos os homens que amam seus amigos e considera-se que uma das coisas mais nobres é ter muitos amigos. Ademais, pensamos que a bondade e a amizade encontram-se na mesma pessoa”.
Ainda em relação à temática acima, pode-se destacar que o sumo bem para Aristóteles é a idéia da felicidade, e ela, para ser alcançada, necessita da ajuda dos amigos virtuosos. “Ora, alguém que é suficientemente feliz deve ter o que deseja, sob pena de, caso contrário, ser deficiente a esse respeito. Portanto, para ser feliz o homem necessita de amigos virtuosos”.


TEMPO E DISTÂNCIA
O filósofo brasileiro Leonardo Boff diz que a estrutura central do ser humano não é a razão e sim o afeto. Partindo deste pressuposto, pode-se então perceber que a amizade ocupa um lugar de destaque, sendo um dos principais bens que são necessários para a boa sociabilidade. Ela nasce da confiança mútua e é uma relação de amor, de afeto de tipo muito especial. Como dissemos anteriormente, a amizade é um sentimento recíproco. Não é possível ser amigo de alguém que não seja, por sua vez, nosso amigo.
Existe outro aspecto a ser destacado: às vezes, na amizade pode ocorrer a descontinuidade temporal-geográfica, ou seja, podemos ficar muito tempo sem encontrar um amigo, mas quando o vemos é como se estivéssemos com ele ontem. Um reencontro em que a alegria é intensa; não há cobrança pelo tempo que passou. Assim, uma relação entre amigos é uma relação de unidade porque nós podemos não estar reunidos o tempo todo, mas sentimos que estamos unidos por esse sentimento de reciprocidade. Eis o que sentimos quando nos encontramos com algum amigo, ou amiga, com quem já trabalhamos e construímos esse sentimento de unidade, seja pelas afinidades político-ideológicas ou pelas confidências no campo da vida privada.
É fácil ou difícilconstruirmos com os outros a amizade perfeita? A resposta de Aristóteles é que não é tão simples como se pode imaginar. “Mas não é natural que tais amizades sejam raras, pois homens assim também são raros”.
Hoje, passados aproximadamente dois mil anos de tal afirmação, podemos também dizer que este tipo de amizade não está por toda a parte porque ainda é raro encontrar homens com as características descritas
Epicuro (341-270 a.C.), pensador grego, tinha a seguinte máxima: “de todos os bens que a sabedoria nos ensina e que são necessários para a nossa sobrevivência, a amizade é de longe o maior”. Considerando também que ela se estabelece a partir de uma relação entre iguais, não havendo a possibilidade de nenhuma forma de dominação, pode-se dizer que a relação entre amigos se constitui em um lugar privilegiado para a materialização dos valores éticos. Uma vez exercitando tal prática, teremos como conseqüência a manifestação concreta daquela outra máxima: “eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”.
Muito embora saibamos hoje que poucos escritos de Epicuro chegaram até nós, sabe-se com segurança que ele foi um dos filósofos que enfatizou a importância da amizade “não temos tanta necessidade da ajuda dos amigos quanto da confiança de sua ajuda” e o outro “a amizade passa pela terra conclamando a todos nós a nos despertarmos a fim de nos parabenizarmos uns com os outros”.
Desde esse ponto de vista, vê-se claramente que a amizade convive bem com o amor Káris: está implícito que na amizade existe a necessidade da gratidão. Torna-se significativo eu poder dizer a um amigo ou amiga: “muito obrigado por você existir na minha vida!”
Deve-se buscar sempre o meio-termo. Nem ter amigos em excesso nem querer viver sem nenhum amigo
FONTE DE PRAZER
Se nos esforçarmos para que nossos encontros, principalmente aqueles da hora do intervalo do trabalho, por exemplo, sejam um espaço de fortalecimento de nossa amizade, pode ser uma ótima oportunidade de fazer com que nossas atividades no campo profissional sejam ainda mais prazerosas. No entanto, você que acompanha esta reflexão pode, certamente, confirmar a idéia de que o que comumente se vê nesses momentos é alguém falando mal do desempenho profissional de algum colega de trabalho ou mesmo do comportamento moral de alguém. Existe, dessa forma, apenas um sentimento, que é o da tristeza, porque ocupamos nosso tempo falando da dor e não da alegria, diferentemente da idéia de saborear e fortalecer a amizade.
Na opinião da filósofa Maria Lucia de Arruda Aranha, “talvez não seja muito fácil encontrarmos verdadeiros amigos. Mas, quando os temos, vale a pena cultivar sua amizade, que pode vir durar a vida inteira”. Assim, penso que a amizade é igual a uma samambaia: se você cuida dela com carinho e sua intencionalidade é que ela esteja cada vez mais linda, perceberá que ela lhe dará a exuberância de sua beleza.
Portanto, a existência do nosso encontro com outro é uma excelente oportunidade para que possamos cultivar esse que é o maior dos bens, nossa amizade.

REFERÊNCIAS
BALDINI, Massimo. Amizade e Filósofos. São Paulo. Ed. Edusc, 2000.
Aristóteles. Ética a Nicômaco. 4ª Edição. Ed. Martin Claret, 2000.
ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Temas da Filosofia / Mara Helena Pires Martins. São Paulo. Ed. Moderna, 1992
BOFF, Leonardo. A força da ternura. Ed. Sextante, 2006.
LELOUP, Jean-Yves. O corpo e seus significados. 10ª edição. Petrópolis, RJ. Ed. Vozes, 2002.

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