Filósofos Políticos: Thomas Hobbes
Primeiro materialista moderno, primeiro
grande contratualista, Hobbes corajosamente sustentou, numa época profundamente
religiosa, que não existia substância espiritual. É mais conhecido por sua
filosofia política, que afirma que é racional indivíduos se submeterem a um
soberano forte para assegurar a ordem e a paz.
Thomas Hobbes nasceu na Inglaterra.
Após se formar em Oxford foi preceptor do conde de Devonshire e viajou muito
pela Europa, conhecendo os intelectuais da época, como Descartes, Galileu e
Gassendi. Mal voltara à Inglaterra, teve que fugir para a França em 1640, antes
da deflagração da Guerra Civil inglesa, durante a qual apoiou os realistas.
Nesse período, foi preceptor do futuro rei exilado, Carlos II. Iniciou sua
trilogia filosófica com O Cidadão(1642). Sua grande obra, Leviatã,
foi publicada em 1651, mas atraiu a atenção desfavorável das autoridades
francesas, e Hobbes teve que retornar à Inglaterra no momento em que a
Commonwealth de Oliver Cromwell chegava ao fim. Hobbes continuou a escrever e
gozou de uma vida intelectual ativa até morrer, aos 91 anos.
PRINCIPAIS IDEIAS:
O homem sempre se preocupa com a
estabilidade do prazer, de que forma este pode premonizar a acumulação de bens
que tendem e devem lhe dar ou melhor fornecer prazer. Para Hobbes a competição
pela riqueza, a honra, e outras formas de poder é que levam à luta, à inimizade
e à guerra, pois a forma do competidor adquirir o que deseja é matar, subjugar,
suplantar ou repelir os outros. Na verdade, o homem busca incessantemente
sobrepujar os demais.
A raiz das discórdias entre os
homens é quando entram em choque os apetites e aversões e o relativismo moral.
A primeira segue as vontades individuais, a segunda quanto a questões de certo
e errado, dessa maneira entende-se que os desejos dos homens são diferentes,
pelo fato de que estes diferem em comportamento, costume e opinião, dessa forma
o que é aprovado por uma pessoa e desaprovado por outra, a primeira vê como bem
a segunda vê como mal. Portanto, seguirá dessa forma a discórdia e o conflito.
Dessa maneira, a discórdia nasce
da comparação das vontades dos homens, e também do apetite que muitos têm pela
mesma coisa, assim o desejo de aquisição, algumas vezes apenas para ter o
superior a dos demais, supondo dessa forma uma vã estima de si mesmo. Assim, os
homens que estiverem satisfeitos com o que possuem devem de certa forma manter
o que possuem.
Mas, a razão principal que os
homens são levados a ferir-se é a apetite das mesmas coisas, que na maioria das
vezes não podem usufruir nem mesmo em comum, também sem a possibilidade de
dividir-se.
No que diz respeito aos animais
não existe a disputa entre honra e procedência, não ocorrendo ódio e inveja,
dessa maneira não existe defeitos nas administrações das sociedades dos
animais, não ocorre à concepção vaidosa da própria sabedoria, que é muito comum
aos homens. Os animais não distinguem injúria e dano, não procuram censurar
seus semelhantes, por esses fatos entendemos que os homens que mais deturpam a
sociedade são aqueles, que tem mais prazer e ócio. A língua do homem é a
trombeta da sedição. Portanto, o consentimento dos animais é natural, e o dos
homens artificial.
Assim, o conflito entre os homens
não pode ser resolvido no campo da ética, o único caminho para determinar certo
acordo é o campo da política, portanto o estabelecimento de um poder comum a
todos, Hobbes resume dizendo que onde não há poder, não pode existir lei, da
mesma forma que onde não há lei não existe justiça, sendo que a autoridade quem
faz a lei, e não a verdade.
Fazendo um contraponto da
natureza do homem, que em seu estado de natureza este seria o seu próprio juiz,
porém difere dos outros com respeito aos nomes e designações das coisas, e
dessa diferenças é que surgem disputas ocasionando a interrupção da paz, por
esse fato Hobbes qualifica que deveria ter uma medida que não gerasse
controversa entre todos.
Se os homens têm o poder soberano
existem as leis civis para que possam dar medida as suas ações, assim podem ser
determinadas as razões certas ou erradas, dessa forma deverão ser tratadas
pelas leis. Portanto, para que os homens obtenham a paz é necessário que cada
um renuncie ao direito que tem sobre as coisas, para transferir para um poder
soberano. Assim, abdicando de seu próprio auto-governo, também de seus
julgamentos morais, a própria multidão se tornará uma comunidade política.
Hobbes define duas formas de
constituir o poder soberano, capaz de manter uma ordem pública, e
consequentemente um vida estável, a primeira via é pela subjugação, portanto
pela força; e a segunda, a via política, portanto pelo acordo.
Mesmo o pior dos governos é
preferível do que a ausência de governo, é preferível ter o pior governo
despótico do que a ausência e a permanente anarquia, a violência generalizada.
Mas, o que leva os homens a
instituir um contrato comum a todos, senão o medo, dessa forma é entendido como
a virtude cívica por excelência, esse medo que faz os homens abrirem mão de sua
condição natural, e aceitem a ordem moral de um soberano, portanto o medo é que
faz com que os homens saiam do estado de natureza, que fazem com que compactuem
entre si. Concluímos, que o que leva os homens a se formarem em sociedade não é
de forma alguma a boa vontade recíproca, mas o medo que cada um tem do outro.
Esse medo leva os homens a
buscarem companhia, da mesma forma essa procura para Hobbes não provém do amor
mas para obter alguma honra ou mesmo um tipo de proveito.
A famosa consideração que temos
de Hobbes é o seu entendimento do estado de natureza, que é a condição natural
da humanidade. Os homens nesse estado vivem em constantes guerras, que é uma
guerra de todos os homens contra todos os homens. Nesse estado não existe
desenvolvimento social, não existe confortos e uso de qualquer tipo de
manutenção da sociedade, como por exemplo mercadorias, construções
confortáveis, a situação do homem no estado de natureza é miserável, onde as
leis existem mais não são eficazes o suficiente, resumindo não há sociedade.
Existem três formas que podem
levar os homens a desejar a paz, o primeiro para Hobbes estaria no medo da
morte, o segundo o desejo daquelas coisas que são necessárias para uma vida
confortável, por último a esperança de obtê-los por meio do trabalho. Portanto,
para viver no Estado, o homem abre mão de sua liberdade para que lhe seja
garantido a vida, pois “O homem é o lobo do homem”.
Sobre o professor: Uanderson Menezes
Professor de Filosofia na Escola Estadual João XXIII em Ipatinga. Licenciado em Filosofia pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - Unileste MG; Especialista em Gestão Estratégica de Recursos Humanos pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - Unleste MG; Especializando em Gênero e Diversidade na Escola pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG; Bacharelando em Direito pela Faculdade de Direito de Ipatinga - Fadipa
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