Em que mundo você vive?



Fala-se em "realidade" como algo único e compartilhado por todos, mas uma das principais questões da Filosofia é se existe uma realidade objetiva ou se ela é modificada pelos sentidos. A visão de realidade universal pode levar a problemas éticos na relação com o outro
Por: Luís Mauro Martino




Outro dia, em uma padaria perto de casa, havia fila no balcão de frios. Pedi 300 gramas de alguma coisa. O balconista fatiou um pouco mais, 315 gramas. "Pode ser?", perguntou. Concordei e, enquanto ele fazia o embrulho, um senhor de raros cabelos brancos logo atrás na fila disse, em tom de segredo: "Ele sempre faz isso, coloca a mais". "Foram só 15 gramas", respondi. "É, mas 15 aqui, 15 ali, rouba de todo mundo. É o dono que manda, por isso está rico!". "Não deve ser de propósito". Ele respondeu, espantado: "Você não quer ver as coisas como elas são". E emendou: "Em que mundo você vive?".

Ele talvez não saiba, mas sua pergunta vai muito além das cogitações monetárias daquele momento. A pergunta "em que mundo você vive?" é feita quando alguém não tem a mínima noção de um assunto que todos conhecem. O tom geralmente é de reprimenda: não saber o que todo mundo sabe significa, na melhor das hipóteses, distração; na pior, desinteresse. Nos dois casos, o objetivo é fazer a pessoa ter consciência de certa realidade.
Estamos acostumados, no cotidiano, a falar da "realidade" como se estivéssemos de acordo a respeito do que é isso e como se ela fosse uma só. No entanto, há vários elementos que a formam, várias linhas compondo o tecido da realidade - e não deixa de ser uma coincidência produtiva que "tecido" tenha a mesma raiz de "texto". Cada indivíduo, nesse emaranhado, transita entre várias dessas linhas.
A noção é de que existe uma realidade comum a todas as pessoas. Essa realidade pode ser percebida igualmente por todos e independe de cada uma. Se alguém, por acaso, não sabe identificar essa realidade, se não sabe o que está acontecendo nela, é porque vive em outra dimensão, em outro mundo.

Isso leva a outro pressuposto, uma aparente contradição: é possível para alguém viver em seu próprio mundo, distante do que seria o mundo normal. A "realidade" para essa pessoa diverge, em graus variados, das outras - afinal, se é preciso chamar a atenção da pessoa para os fatos desta dimensão da realidade, é porque ela está em outra.
A ficção é pródiga em lidar com a noção de "realidades múltiplas", mas geralmente partindo do pressuposto de que existem várias ordens ou dimensões de uma realidade concreta. A noção, largamente explorada, de "universos paralelos" ou mesmo de viagens, trabalha com a possibilidade, vislumbrada em algumas hipóteses e especulações científicas, de que nosso universo não é o único e a "realidade" é fragmentada. Mas não é preciso esperar pela ficção para se pensar no assunto.
O filósofo norte-americano William James, em um texto chamado As múltiplas realidades, escrito no final do século XIX e publicado em Princípios de Psicologia, chamou a atenção para esses fenômenos: vivemos em múltiplas realidades, mas quase não nos damos conta disso e, na maior parte dos casos, essa pluralidade é comprimida como se fosse uma entidade singular: a realidade.
Com isso, James voltava a uma das principais questões da Filosofia: existe uma realidade objetiva, isto é, independente do sujeito que a observa, ou toda realidade está ligada à pessoa que a observa - no caso, eu? Existe realidade além da primeira pessoa? Posso ter acesso à realidade tal como ela é ou estou condenado a sempre ter a "verdadeira" realidade modificada pelos sentidos?

Existe uma realidade objetiva, isto é, independente do sujeito que a observa, ou toda realida de está ligada à pessoa que observa - no caso, eu?

O pior dos mundos possíveis
A internet oferece excelentes exemplos da criação de realidades. Dentre os milhões de usuários do Twitter, um se destaca pelo mau humor. Trata-se do autointitulado @bomdiaporque. Twits de um intenso pessimismo, levado às raias do absurdo, se esforçam em desmontar o discurso do otimismo e de tudo o que seja positivo. Qualquer esperança é vista com reservas e descartada. O efeito desse exagero costuma ser cômico e é muito provável que a intenção do autor seja, de fato, humorística. Quem pautasse sua visão de mundo no @bomdiaporque veria um lugar frio e sombrio, onde tudo é destinado ao fracasso.

Ao se falar em "realidade", estamos falando de um mundo comum onde todos vivemos ou de meu mundo particular, percebido apenas por mim? É em relação a isso que se apoia uma das principais dicotomias da Filosofia, o objetivismo e o subjetivismo do conhecimento. Esse problema não escapou à maior parte dos filósofos, que ofereceram várias respostas para o problema.
Kant, na Crítica da Razão Pura, tenta resolver o problema abrindo uma perspectiva relacional para o problema: a experiência chega pelos sentidos, mas é elaborada como conhecimento pelas categorias a priori da razão. O elemento subjetivo, aqui, está presente como o organizador dos dados da realidade - se é possível correr o risco de uma imagem, mais ou menos como um copo que, de certo modo, dá a forma ao líquido que está dentro dele. O líquido veio de um ambiente externo ao copo, mas, ao ser colocado lá dentro, toma a forma cilíndrica do recipiente.
Com isso, Kant ofereceu uma solução a respeito da relação entre mente e sentidos na compreensão do mundo. A realidade existe como fato objetivo, mas só pode ser percebida de forma subjetiva pela razão - conhecemos os fenômenos, isto é, a manifestação das coisas; os noumenos, ou seja, as coisas em si, permanecem fechadas aos nossos sentidos.

Em primeira pessoa
Outra resposta veio no início do século XX. É uma das principais contribuições de Edmund Husserl à discussão sobre a realidade, o conceito de Lebenswelt, traduzido como "mundo vivido", embora também como "mundo da vida". Trata-se, em linhas bastante gerais, do mundo cotidiano, do que seria chamado de "vida real" em sua expressão mais simples, como a experiência prática que se tem do cotidiano, da vida com todos os outros. Essa investigação da experiência como ponto de partida seguiu, na trilha de Husserl, filósofos como Heidegger e Alfred Schutz.

Tudo o que não pode ser captado diretamente pelos sentidos deve chegar de outro lugar. São narrativas que, de alguma maneira, compõem boa parte do nosso conhecimento a respeito do mundo. Na vida cotidiana, boa parte dessas narrativas é simplesmente aceita sem muita preocupação. Afinal, sua relevância no cotidiano é pequena - ninguém precisa saber qual é a capital da Polônia durante uma ida à padaria. No entanto, para além de qualquer elemento anedótico, isso pode ser visto como um indício de que nossa concepção da realidade, em sua dimensão mais profunda, talvez seja precária: uma parte do que entendemos como "real" se liga a conhecimentos além de qualquer comprovação para nós.
Segundo Kant, os dados da realidade nos chegam pelos sentidos e são organizados pelas categorias a priori da razão. Seria como a água, que vem de um mundo externo, mas é moldada de acordo com o contorno do copo

Ninguém pode compartilhar a experiência do outro - posso contar com todos os detalhes como foi meu dia, mas a pessoa que me ouve no máximo poderá ter uma ideia aproximada de como tudo aconteceu. Isso, no entanto, não significa que ela ficará completamente ignorante de como foram minhas últimas 24 horas. Se, por um lado, ela nunca terá acesso à minha experiência, isso não significa dizer que ficará completamente alheia ao que eu vivi. Afinal, compartilhando a mesma realidade, é provável que ela já tenha tido experiências parecidas a partir das quais pode ter alguma noção, mais ou menos clara conforme o caso, da situação que vivi. De um lado, só posso ter acesso direto a uma pequena parte da realidade que chega até mim pelos meus sentidos. A princípio, esse mundo da experiência seria o nível mais próximo da realidade que posso conhecer diretamente - você está lendo este texto. Por outro lado, meu mundo não se encerra nessas experiências diretas dos sentidos: também é formado pela memória, registro ativo e dinâmico de experiências passadas, do que foi; pela imaginação, espaço do devaneio, do sonho, do que pode ser; e, finalmente, pelos relatos que nos chegam. Com os outros componentes, formam uma estrutura dinâmica e complexa à qual, por falta de nome melhor, chamamos de "realidade". Ou, em um plural mais acertado, "realidades".

Searle lembra que podemos ver a "realidade" como uma série de impulsos elétricos que caminha de nossos sentidos até o cérebro por uma complexa rede neuronal


O Real é relacional
A realidade, nessa perspectiva, é vista como o resultado de uma interação entre sujeitos e objetos, em um fluxo constante entre os dados imediatos da experiência e sua transformação em conhecimento. Como lembra o filósofo Ernildo Stein em sua Antropologia Filosófica, trata-se de um movimento na transformação do sensível no inteligível, daquilo que está nos sentidos, os dados imediatos que chegam a partir dos cinco sentidos, em algo em nossa mente. Essa relação leva a uma primeira pergunta: quais são, portanto, os dados que chegam a esses sentidos? A resposta a essa pergunta indica quais são os elementos que, de alguma maneira, terão alguma influência na formação da mente humana e, por consequência, àquilo que ela reconhece como realidade.

O mundo vivido, nessa perspectiva, está na minha consciência e é interpretado por ela, constituindo-se meu mundo. O objetivo e o subjetivo estão em relação, sem se reduzirem um ao outro. Minhas disposições subjetivas alteram a percepção da realidade, mas não a eliminam.
Os afetos, por exemplo, podem interferir no julgamento de um fato - basta pensar como tudo fica mais bonito depois de receber uma boa notícia ou quando se está vivendo um momento feliz na vida afetiva, e como mesmo um belo dia de verão pode parecer insuportavelmente opressor para quem acabou de terminar um namoro.
Essa posição presume uma consciência relacional: a consciência humana não está fechada em si mesma, agregando a ela os dados do exterior; da mesma maneira, os dados que chegam pelos sentidos não estão exclusivamente nas coisas, de modo independente do ser que conhece; o conhecimento acontece na relação entre a consciência e o mundo além dela, em um fluxo no qual não há um momento primeiro, mas uma interação.
Podemos contar ao outro o que se passou em certa situação, mas não temos como fazê-lo compartilhar daquela experiência. Só pequena parte da realidade nos chega por acesso direto

Apesar de termos a ideia de que a realidade é uma só e comum a todos, ela é como um tecido formado de muitos pedaços e cada pessoa percorre várias dessas partes para formar seu real
Cérebros em uma cuba 
Uma das mais perturbadoras hipóteses a respeito da realidade é apresentada pelo filósofo norte-americano John Searle em Mente, linguagem e sociedade, e guarda semelhanças com o filme Matrix. Em essência, o que chamamos de "realidade" é uma série de impulsos elétricos que caminha de nossos sentidos até o cérebro por uma complexa rede neuronal e forma o "real" - sensações, imagens, movimentos, sabores, o cheiro de uma planta, o toque de uma mão. Todas as experiências da vida, das mais sublimes às mais perversas, são pequenas descargas elétricas. Se o panorama é desolador, a proposta seguinte não melhora as coisas: se o mundo real é um conjunto de impulsos elétricos decodificados, quem garante que não somos cérebros flutuando em uma cuba de cerâmica, estimulados por eletrodos diretamente? As pessoas, as ruas, as sensações, tudo se formaria à minha passagem, conforme as percebo na forma de sons, imagens, cheiros e tudo o mais.

A realidade e eu passamos a ser uma coisa só e nada mais existe. Fim de jogo. A proposição parece contradizer o bom-senso mais elementar, mas traz em si o problema das relações entre percepção e realidade - próximas, até, da proposta de "realidade" do empirismo inglês do século XVIII.
O filósofo britânico George Berkley, no Tratado sobre a visão, substitui o cartesiano "penso, logo existo" por "ser é ser percebido". O que não pode ser sentido não tem existência para mim. Isso quer dizer que a realidade se dissolve quando viro de costas para ela? Para Berkley, aliás, bispo Berkley, a realidade, mesmo fora do meu campo de percepção, continua sendo percebida por Deus.
O passo decisivo é dado por David Hume, filósofo escocês, ao eliminar Deus da argumentação. Sem essa garantia, a certeza na existência do real é deixada de lado. As sensações, as noções de causa e efeito e os conhecimentos são reduzidos aos sentidos, sem nenhuma possibilidade de provar a existência objetiva do mundo. Realidade é só uma coisa que colocaram na sua cabeça.
Na minha realidade ou na sua?
O pesquisador norte-americano Erwin Goffman propõe a ideia de "enquadramento" (framing) para explicar a existência de "diferentes realidades". Os "quadros" ou "molduras" (frames) são o aparato mental que cada indivíduo usa para dar significado ao mundo real. Iisso não leva ao isolamento de cada um em sua realidade porque os frames têm origem, entre outros fatores, na sociedade onde o indivíduo é formado, e por isso são parcialmente compartilhados com outras pessoas. Se, por exemplo, uso como frame a ideia de que todos estão contra mim, tendo a entender ações de outra pessoa como agressões, ainda que tenham sido inocentes. Uma boa dose dos mal-entendidos cotidianos deve-se ao uso de frames diferentes para interpretar uma mesma situação - interpretar, por exemplo, a simpatia de uma pessoa como interesse afetivo.


Mundos diferentes, éticas diferentes 
Há uma dimensão ética imediata que é problema da realidade. A pergunta "em que mundo você vive?" não está relacionada apenas ao conhecimento. A maneira como vemos o mundo está ligada diretamente ao modo como vamos agir nele e ao nosso comportamento em relação aos outros. A visão que tenho do mundo influencia a maneira como vou situar as outras pessoas nele, como vou interpretar suas ações em relação a mim e aos outros. A equivalência entre "realidade" e "visão da realidade" costuma ter consequências práticas, isto é, interfere diretamente na relação com o outro.

Deixando de lado a dimensão médica ou psicanalítica do problema, que implicaria o recurso a tratamentos, é possível verificar como isso acontece no cotidiano. Minha visão de mundo é uma espécie de linha invisível que, de certo modo, costura as experiências vividas em torno de alguns princípios, valores e ideias que tendo a considerar "corretos" - embora, na maior parte dos casos, as pessoas nem sequer se deem ao trabalho de questionar essa visão, exceto em situações de crise.
Em geral, pauta-se a Ética a partir de noções que se têm da realidade. Uma visão dessa realidade composta por conhecimentos e classificações de um determinado tipo pode levar a valores éticos igualmente específicos. As mudanças nesses valores, no sentido oposto, costumam estar ligadas a mudanças nessa visão de mundo. (Isso é o que torna a Filosofia uma prática: ela pode não mudar diretamente o mundo, mas muda a visão que temos dele e, por tabela, nossa maneira de agir).
Uma visão da realidade que encaixa um grupo como inferior abre brecha para que esse grupo seja maltratado - em último caso, eliminado. É possível delinear uma explicação para isso. As "visões de mundo" geralmente não são pensadas como tais, mas como a "realidade" em si. A essa primeira equivalência segue-se outra: equivaler "realidade" e "normalidade". Desse modo, naturalizam-se valores arbitrários que passam a ser considerados "normais" dentro de uma visão de mundo que não se reconhece como tal.
Uma das dificuldades em questionar o que é a rea- lidade está na aparente obviedade da resposta. Todo mundo sabe o que é o mundo real. Afinal, vive-se nele. Todo mundo pega ônibus, metrô, vai à padaria, ao supermercado, tem alegrias e problemas no trabalho, na família. A vida real se desenrola diante de cada um com tal normalidade que qualquer questionamento pode ser visto como inútil ou absurdo. À distância, é fácil explicar o que é a "realidade" e associá-la com o "normal". A realidade seria o mundo comum, normal, onde todos vivem. Ponto-final.
A percepção da realidade pode ser alterada, por exemplo, pelos afetos. Um mesmo fato pode ser recebido com alegria ou tristeza dependendo do estado de humor da pessoa no momento

A construção social do que mesmo?
Na contramão das chamadas teorias "construcionistas" da realidade, para a qual o "real" é resultado da interação simbólica entre indivíduos, o professor canadense Iian Hhacking propõe uma visão mais complexa dos fenômenos humanos. Em The social construction of what?, publicado pela Uuniversidade de Hharvard em 1999 e ainda sem tradução no Bbrasil, ele critica o que considera um uso exagerado da ideia de "construção". Nna esteira da proposta fenomenológica de pensar o mundo real como um conjunto de relações, inúmeros trabalhos passaram a discutir a "construção social" de alguma coisa - Hhacking enumera 24, incluindo "perigo", "emoções" e até mesmo "quarks". Sse, por um lado, essa abordagem ajuda a perceber que a realidade humana não é fixa e inevitável, por outro, isso deixa de lado o componente "natural" de alguns fatos, ações e práticas humanas.
O problema é que, quando aproximamos a lente da existência individual, essas fronteiras tornam-se menos nítidas. O "todo mundo", fartamente utilizado no parágrafo anterior, dá lugar ao indivíduo e à complexidade das ações individuais. Se é possível jogar com as palavras, sabe-se perfeitamente o que é normal ou anormal até o problema ser pensado em termos particulares.
Por exemplo, é considerado normal que uma pessoa colecione miniaturas de carros esportivos. Mas seria normal, digamos, colecionar tomadas antigas ou caixas de chá? O número de colecionadores de chá é consideravelmente menor que o de miniaturas de carros, mas essa diferença quantitativa implica decidir, qualitativamente, que uma prática é normal e a outra não?
A maneira como alguém age no cotidiano está ligada à percepção da realidade que a pessoa tem. A partir do retrato que fazemos de uma determinada situação, definimos como agir, o que fazer, quais serão nossas ações. Existe uma relação aparentemente direta entre o conhecimento que temos da realidade e nossas ações dentro dessa realidade.
Quando se pensa em termos de interação, a pergunta não é se a realidade existe ou não, se vivemos em um mundo real ou em um reflexo do mundo das ideias, se há um mundo objetivo ou não. A questão, nesse caso, não é "o que é o mundo real?", mas, partindo do princípio de que esse mundo existe nas relações de intersubjetividade, seria o caso de fazer uma modificação para se perguntar "qual é o mundo real que eu conheço?". Esse tipo de questionamento aproxima-se mais da perspectiva deste texto, partindo do pressuposto de que essa realidade, construída nas representações a partir da interação entre os seres humanos, pode também ser alterada, modificada e reconstruída na medida em que essas representações também podem ser modificadas - se é humano, é histórico; se tem uma história, significa que foi feito e, portanto, pode ser desfeito, alterado, transformado.
Segundo Searle provoca a pensar que, se as experiências são impulsos elétricos que vão dos sentidos ao cérebro, poderíamos ser cérebros flutuando em uma cuba estimulados por eletrodos

Se acredito que uma determinada situação é perigosa, por exemplo, há uma tendência a que se tome mais cuidado. Não há, aqui, nenhum determinismo: nada impede que uma pessoa faça exatamente o contrário. É preciso, desde o início, deixar clara uma diferença da qual nos lembra Pierre Bourdieu entre regra e regularidade: se, por um lado, é muito difícil falarmos em "regras" dentro de uma sociedade, mais ainda em "leis" do comportamento humano, por outro lado é possível identificar algumas regularidades e tendências na ação das pessoas, sem que isso, em absoluto, signifique a obediência a leis ou regras.
A História e a Literatura estão forradas de exemplos dessa relação entre conhecimento e Ética, momentos nos quais uma determinada visão de mundo desencadeou uma série de ações contra determinados grupos. Para citar apenas um, em O rabi de Bacherach, por exemplo, o escritor alemão Heirich Heine conta de que maneira uma arraigada visão antissemita do início da Modernidade dá origem a uma série de padecimentos de uma pequena comunidade judaica no interior da Alemanha. O problema cognitivo da explicação da realidade toma a forma de um problema ético na conduta para com o outro. Algo que diz respeito a uma variada gama de relações humanas - do confronto entre povos e nações até uma visita à padaria.

Sobre o autor: Luís Mauro Martino é doutor em Ciências Sociais pela PUC/SP. Pesquisador bolsista na Universidade de East Anglia (2008) e autor de Teoria da Comunicação (editora Vozes) e Comunicação & Identidade (editora Paulus) , entre outros


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A linguagem dos direitos humanos

Como a filosofia explica essa questão, cujo ponto de partida requer um entendimento do que o ser humano é capaz.
Por Ricardo Rosseti


Em tempos de reflexão, diante de uma crise da pós-modernidade, o homem contemporâneo é levado a repensar em si mesmo em face de seu passado, a repensar-se como causa e finalidade de suas ações, de seu pensamento, de seu discurso. Essa re exão consiste certamente em uma busca pela redescoberta do ser humano como alguém capaz, que deve se responsabilizar por suas próprias ações: responsável por aquilo que faz, pensa e acerca do qual fala. Trata-se de um homem de guerras, de assassinatos e até de genocídios. Também um homem de preconceitos, discriminações e injúrias. E em cada uma dessas faces do homem, nítidos testemunhos da violência cruel produzida pelo exercício de sua força física e de um sadismo sem limites, a respeito do que os indivíduos praticam contra si mesmos e que, historicamente, podem retratar a capacidade e a falibilidade do Ser humano no caminho de sua realização no mundo.
Ser humano
Trata-se de um conceito complexo que, sob a óptica da Antropologia Filosófi ca, revela diversas possibilidades de signifi cação, de acordo com tradições fi losófi cas construídas na história do pensamento. Para Paul Ricoeur é o indivíduo capaz de praticar ações e por elas se responsabilizar, embora possa falhar na realização desse intento.
Se, por outro lado, esse mesmo homem é um ser de cuidado, de excelências e de amor, atitudes que pratica cotidianamente, esmeradas em sua capacidade de deliberação e escolha – portanto, atitudes racionais –, a manifestação de sua capacidade para o mal não requer, por várias vezes, muito esforço racional para sua expressão. Afinal, é com a violência que o ser humano responde quando constrangido em suas capacidades e liberdades naturais. Eis um dos pontos de partida para se pensar a questão dos direitos humanos, hoje, como um problema de linguagem, o que irá requerer uma compreensão acerca de quem é o ser humano e do que ele é capaz. Por essa razão, o outro ponto de partida se encontraria no interior de uma antropologia filosófica na qual a configuração do homem capaz dependerá de uma hermenêutica do sujeito do discurso dos direitos humanos.
A história da humanidade é profundamente marcada por acontecimentos que atestam a genialidade do ser humano. Desde quando ele passou a interagir e a dominar o entorno, submetendo- o à sua manipulação e à sua transformação, a ação do homem revelou aquilo que lhe é mais propriamente característico: sua racionalidade. Para os gregos da Antiguidade, a razão antecedia a práxis mesmas e, como tal, identificava o homem como um ser tal que a nenhum outro no mundo se equiparava: um ser da fala, do pensamento, do discurso. Com o termo lógos os gregos definiam a ideia de discurso-pensamento, a partir da qual o ser humano se caracterizaria como anthropos logein, isto é, um homem do discurso, um animal que pensa e fala o que pensa. O entendimento desse discurso-pensamento como característica fundamental do ser humano também revelava uma qualidade que, além de única, era também natural.

Violência
Componente da natureza humana, revela uma das características fundamentais do ser humano. Pode ser compreendida com uma das formas de expressão dos instintos e dos sentimentos do homem: corresponderia ao exato oposto da linguagem, aqui considerada como expressão da racionalidade. Ela pode ser expressa com a força física ou mesmo no discurso.
Linguagem
Os gregos equiparavam a linguagem à razão, chegando a considerá-la como uma “realidade falante”. É possível dizer que se trata de uma forma de expressão do pensamento e do espírito, capaz de fazer comunicar os pensamentos entre os seres racionais. Paul Ricoeur a considera como evidência da racionalidade e o exato oposto à violência que o homem pode praticar.

FORMA DE EXPRESSÃO 
Entendiam os gregos que raciocinar e falar identificava no humano a linguagem como uma das mais prementes formas de expressão. Com ela, o indivíduo seria capaz de revelar suas vontades e de comunicar os sentidos de sua compreensão do mundo. Linguagem, forma de expressão do discurso-pensamento, era também uma habilidade que ao homem era natural e fundamental. Ela definiria o homem como um ser capaz de se comunicar, de expressar a si mesmo e de interagir com os outros homens, num processo natural de integração com o outro homem.

Para o filósofo francês Paul Ricoeur (1913- 2005), “violência e linguagem ocupam, cada uma, a totalidade do campo humano” (Leituras 1: em torno ao político. 1995. p. 59), de modo que é possível encontrar nelas as características fundamentais que definem o ser humano.
É por meio da linguagem que os homens expressam seus pensamentos e seus sentimentos, que eles buscam atrair ou repelir o outro, que eles convencem ou promovem a comoção. Segundo o autor, uma palavra bem pronunciada, de maneira adequada e no momento oportuno, pode render alianças de colaboração na busca da realização de certos ideais. E foi nesse sentido que a razão aparece na Ilustração, como um instrumento a serviço do bem, da ordem e do progresso. Doutro modo, a razão também pode provocar desentendimentos intensos, distâncias sem fim, inimizades e con- itos intermináveis. Principalmente quando usada com violência, afinal, não somente de força física que ela se caracteriza. Isso porque, tão logo o homem se percebeu como uma criatura de discursos, cujas transformações e alcances podem ser profundamente arraigados em suas ações, também tratou de usar essa habilidade para dominar: por meio do discurso, o homem ensejou dominar o mundo e o outro homem, sob a alegação do ‘mais racional’ ou do ‘mais sensato’. Nesse sentido, a linguagem tomou forma e com ela o próprio mundo se curvou para, sob sua total submissão, depender dela para existir. Tudo que há no mundo, tudo que no mundo pode ser percebido ou pensado, é imediatamente submetido às regras e atividades da linguagem como sua maneira possível de subsistir. E então, o mundo verdadeiro tornou-se o pensado, o narrado, aquele que se expressa no discurso bem articulado e voltado à persuasão.
Direito
Derivado do latim – de rectum – pode siginfi car “o dirigido” ou “o ordenado’” Etimologicamente, quer dizer o que é reto, o que não sofre desvio quando segue uma direção. Especifi camente, ele pode ser entendido como aquilo que está em conformidade com uma dada razão ou de acordo com sentidos razoáveis do que seja “o justo” ou “o equânime”.
A linguagem, enquanto discurso-pensamento e a par da violência, definiu o homem, buscou definir o seu território e a si própria, sem para tanto ignorar que somente seria possível se fosse suficientemente livre para se expressar. A liberdade como condição do discurso manifesto pela linguagem, então, aparece como outro elemento fundamentador do ser humano da razão. Permitiu a fala e a expressão do pensamento como algo natural, algo da natureza humana, algo certamente racional. E, nesse sentido, permitiu ao ser humano falar do Direito como uma construção racional de significados para as coisas que ele pleitearia como necessárias para uma vida digna plenamente assegurada por certas liberdades.
Isso quer dizer que os direitos humanos, reconhecidos como condições fundamentais da vida humana em sociedade e racionalmente impostos à coletividade como princípios garantidores do bem da vida e de suas livres formas de manifestação, devem ser compreendidos como um conjunto particular de razões pelas quais o respeito e a responsabilidade devem se impor aos membros de uma sociedade. Então, a liberdade do discurso aparece como um bem natural do homem e como condição de possibilidade para se poder conceber a linguagem como o limite da violência. Essa dupla condição da liberdade do discurso deve ser o garante lógico de toda e qualquer fala em defesa dos direitos do homem e da humanidade, uma vez que não somente legitima o discurso, mas também assegura o espaço suficiente para que os diálogos entre diferentes interesses particulares propiciem condições para, ao menos, tentar universalizar tais direitos.

FRUTO DA SOCIEDADE?
Pensadores como Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau anteviram a condição possível do homem do mundo como a decorrência do livre exercício racional da escolha e do discurso, o que possibilitou afirmar a existência de direitos naturais de liberdade, sem os quais não restaria a mínima garantia de paz, de ordem ou de bem-estar na vida em sociedade. No entanto, se os ideais daqueles filósofos foram frustrados pela sorte da guerra, da intolerância ou de desejos imperialistas, é porque não houve ao seu tempo a compreensão da impossibilidade de universalização não violenta da razão, nem de que a linguagem somente estabelece limites à violência quando ela mesma tem como pressuposto a intenção de expressão um sentido possível, e apenas uma possibilidade de sentido ou significação, acerca da realidade, isso sem qualquer pretensão de discurso (absolutamente) coerente.

Nesse sentido, os chamados Direitos Humanos são, primeiramente, um produto histórico-social e jurídico de tempos de crise: crise da razão, do esclarecimento e da linguagem. Eles vêm para corrigir um mal entendido peculiar de nosso tempo, tanto no âmbito do direito, como no da filosofia. Trata-se dessa falta de compreensão de que, tanto o direito como a filosofia, enquanto obras do espírito, destinam-se a dizer – e, portanto, a esclarecer melhor – quem é o ser humano, hoje, e qual o seu lugar no mundo. No entanto, não se pode deixar escapar o fato de que a realidade histórica e social a partir da qual surgem esses direitos é muito diferente daquela da Primeira e da Segunda Guerra; assim como estas diferem da realidade atual. Então, seria possível falar sempre nos mesmos direitos humanos? Ou tratar-se-ia de saber qual a linguagem atual para falar em direitos humanos, hoje? Ou seria questão de, segundo inspiração que se encontra na filosofia dos “jogos de linguagem” de Wittgenstein (Investigações filosóficas, 1953), de questionar a possibilidade de relativização dos discursos que tratam dos direitos humanos de uma determinada comunidade de comunicação?
Não há de se falar em direitos humanos, hoje, sem levar em consideração um dos pressupostos epistemológicos de sua concepção, segundo o qual – enquanto ferramenta para a garantia das liberdades fundamentais dos indivíduos e das coletividades, assim considerada como um bem e como um direito natural do ser humano – os direitos humanos devem ser libertários e fundados numa liberdade natural, algo como um fundamento metafísico da capacidade de expressão racional do homem: a linguagem segundo a perspectiva de um sujeito. Falar em direitos humanos hoje exige a constituição de uma linguagem própria, que não vai se caracterizar necessariamente por uma forma pré-determinada, arbitrária e imposta, nem por um conteúdo vocabular especializado e ideado, mas por aquele fundamento metafísico da condição humana do homem enquanto anthropos logein: a livre expressão do pensamento como linguagem. Já ensinava Wittgenstein que se a linguagem é constituída de “jogos de linguagem” e estes, por sua vez, são definidos pelos usos e práticas da própria linguagem, então, não há de se falar numa “linguagem por decreto”, quer dizer, em uma linguagem e em um discurso arbitrariamente impostos. Nesse sentido, tomemos como exemplo as chamadas “cartilhas do politicamente correto”.

VOCABULÁRIO
Por decreto administrativo e moral o governo impõe um conjunto de materiais de “orientação pública” que se predispõe a determinar os vocabulários a serem utilizados na sociedade para se evitar a identificação de certos discursos como mensagens discriminatórias e preconceituosas. Arbitrariamente, certas expressões deveriam obrigatoriamente ser substituídas, mesmo que isso contrariasse a lógica dos usos práticos próprios de certos “jogos de linguagem”. Então, a palavra “favela” deveria desaparecer e dar passagem para a palavra “comunidade”. Assim como o “negro” – que a rigor define etnia e não cor de pele – seria, mais uma vez, ignorado – e assim, desrespeitado – para tornar-se um “afrodescentente”. E recentemente o “gay” se transformaria em “homo-afetivo”. Todas, formas de mascarar ou maquiar uma situação que, em sede de direitos humanos, devem constituir um nítido e autêntico objeto de preocupação e de re exão, em razão do preconceito e das formas discriminatórias ainda persistentes na sociedade civil. Pode-se falar que são medidas superficiais que em nada inibem – e podem até reforçar – os tratamentos desrespeitosos e irresponsáveis praticados na convivência cotidiana, uma vez que em nada retem um espírito esclarecido e consciente capaz de se perpetuar como linguagem libertária limitadora da violência.
Quando se tenta impor um rito vocabular como os exemplificados, ocorre a clara tentativa de impor à força, e com relativa violência, a ideia de um “discurso coerente”, o que constitui o aspecto da violência do discurso.
Necessariamente, não condiz com a maneira como uma linguagem se perfaz na prática e de acordo com um dado “jogo de linguagem”, uma vez que as regras do jogo somente passam por alteração de acordo com a mudança proveniente dos usos. E isso somente ocorre na prática hodierna e não por imposição de um interesse particular. A linguagem requer um modo próprio, o que se constitui com um mínimo de liberdades. E, de fato, não é com a imposição de uma nova “máscara verbal” que a discriminação e o preconceito venham a desaparecer. Até mesmo porque, em muitas ocasiões, as novas máscaras criadas podem carecer de precisão e de correção, e isso de acordo com as regras de sua constituição. É o caso do neologismo “homofobia”, ao qual vem se atribuindo o sentido de “repúdio ao homossexual”. Trata-se de uma palavra formada de dois termos de origem grega e que, a rigor, não comporta a significação que se pretende com ela. O termo “homo” (que vem do grego homos) significa igual; enquanto que o termo “fobia”(que vem do grego fobos) pode significar pavor, medo ou repulsa. Nesse sentido, o tal neologismo somente pode signi- ficar “repulsa pelo igual”, o que contradiz o signi ficado que tentam atrelar à nova expressão, o de “repulsa pelo homossexual”. Falta ao neologismo algum elemento designador que faça referência à direção sexual e, ainda, como motivo de repulsa ou de preconceito.
Enfim, uma concepção de linguagem para os direitos humanos hoje deve coadunar-se com a ideia de liberdade e com a de tradição de um determinado “jogo de linguagem”. Ela deve ser capaz de propiciar algum entendimento acerca do que sejam os direitos humanos de uma comunidade; um razoável esclarecimento acerca dos seus sentidos possíveis e a oportuna compreensão do significado que ela comporta em seus usos. A linguagem dos direitos humanos deve se inscrever na atualidade como uma busca pela erradicação do mal nas relações sociais e não como uma máscara que, quando muito, tenta falsear os problemas reais das relações humanas.

Texto retirado da Revista: Filosofia: Ciência & Vida.




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Dicas de Filme

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Quem foi "João XXIII"?
Descubra assistindo ao filme: "João XXIII, o papa bom".


O Papa João XXIII: um homem de origem humilde que se tornou o Papa mais influente do século passado. O filho de um camponês que viria a influenciar a política mundial do seu tempo. Um homem de caráter modesto mas que revolucionou a igreja. João XXIII foi Papa durante um dos mais extraordinários capítulos da história contemporânea. Foi o tempo da Guerra Fria, da construção do Muro de Berlim, da crise dos mísseis, da conquista do espaço, da guerra do Vietname e do assassinato de John Kennedy. No curto período como Papa, João XXIII tocou os corações de todas as raças e credos, sendo batizado pelo povo como O Bom Papa. Este filme vai ajudar-nos a compreender porque razão milhares de pessoas viajaram para Roma para estar mais perto dele e partilhar os seus últimos momentos de vida e porque milhões de pessoas em todo o mundo choram a sua morte. Trata-se de um relato tocante sobre o humanismo de um homem, face ao sofrimento de toda a espécie humana. A história vista pelos olhos de um homem comum cujo grande objetivo era trazer a paz a um mundo á beira da destruição.

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Sócrates

O ateniense Sócrates nasceu por volta de 470 AC e não deixou nada escrito. Nem mesmo tinha essa paixão por livros que costuma ocorrer nos grandes sábios. Tudo o que sabemos sobre ele está nos escritos de seus alunos, principalmente Platão e Xenofonte. Sua contribuição para a humanidade é inestimável. Iniciou uma tradição que influenciou as mais positivas ações humanas e ajudou a construir um ideal de valores que norteia boa parte do mundo civilizado há quase 2500 anos. Uma personalidade como essa merecia mesmo um grande filme, e foi isso queRoberto Rossellini fez. O filme, cujo nome original em italiano é SOCRATE, resume muito bem algumas passagens que foram registradas por seus alunos. Elevadíssimos diálogos e memoráveis discursos estão sobre um cenário e um figurino tão fiéis quanto o roteiro. A escolha das cenas também foi primorosa e buscou o essencial da filosofia socrática. A síntese do diálogo com Eutifron, por exemplo, é magnífica, digna de um grande conhecedor do pensamento do gênio grego. Vale ressaltar como o ator Jean Sylvère encarnou o personagem!
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Alexandre o Grande (Download do Filme)

Uma das personalidades mais fascinantes da história. Responsável pela construção de um dos maiores impérios que já existiu. Sua inteligência e gênio estratégico se tornaram lendários. Alguns de seus contemporâneos chegaram até a supor que ele fosse filho de Zeus, o líder dos deuses do Olimpo. Na verdade, Alexandre não era um deus, e nem um semideus, mas um apenas um homem, com qualidades excepcionais, mas ainda assim um homem. Vamos ver a seguir um pouco de sua vida e da época em que ele viveu. Mas antes de falarmos dele, vamos falar um pouco da Grécia Antiga - cuja cultura Alexandre difundiu para outras partes do mundo - e da Macedônia, a região onde esse conquistador, filho do rei Filipe 2º, nasceu.
No filme, Alexandre tem planos ambiciosos e parte da Macedônia rumo Ásia para conquistar a maior parte do mundo conhecido, sem ter sofrido uma derrota sequer. Enquanto aumenta seus domí­nios, Alexandre precisa lidar com seu conturbado lado pessoal. 

Tamanho: 600 MB
Áudio: Inglês
Legenda: Português
Formato: RMVB | DVDRip
Duração: 2hs 46min
Gênero: Aventura
Ano de Lançamento: 2004
Servidor: Uploaded



Alexandria (Título Original: Ágora) (Download do Filme)

O filme relata a história de Hipátia (Rachel Weisz), filósofa e professora em Alexandria, no Egito entre os anos 355 e 415 da nossa era. Única personagem feminina do filme, Hipátia ensina filosofia, matemática e astronomia na Escola de Alexandria, junto à Biblioteca. Resultante de uma cultura iniciada com Alexandre Magno, passando depois pela dominação romana, Alexandria é agitada por ideais religiosos diversos: o cristianismo, que passou de religião intolerada para religião intolerante, convive com o judaísmo e a cultura greco-romana.
Hipátia tem entre seus alunos Orestes, que a ama, sem ser correspondido, e Sinésius, adepto do cristianismo. Seu escravo Davus também a ama, secretamente. Hipátia não deseja casar-se, mas se dedica unicamente ao estudo, à filosofia, matemática, astronomia, e sua principal preocupação, no relato do filme, é com o movimento da terra em torno do sol.
Mediante os vários enfrentamentos entre cristãos, judeus e a cultura greco-romana, os cristãos se apoderam, aos poucos, da situação, e enquanto Orestes se torna prefeito e se mantém fiel ao seu amor, o ex-escravo Davus (que recebeu a alforria de Hipátia) se debate entre a fé cristã e a paixão. O líder cristão Cyril domina a cidade e encontra na ligação entre Orestes e Hipátia o ponto de fragilidade do poder romano, iniciando uma campanha de enfraquecimento da influência de Hipátia sobre o prefeito, usando as escrituras sagradas para acusá-la de ateísmo e bruxaria.
No filme a atriz Rachel Weisz interpreta uma pobre mulher que não compreende a origem de tanta raiva entre os homens e simplesmente tenta canalizar as suas energias para algo de bem. É impressionante como o filme capta a mais vil intolerância e opressão e é abismal a forma como ele denuncia o desprezo do Cristianismo pela condição feminina (o que me deixa ainda mais incrédulo com o simples fato de haver mulheres que conseguem ser cristãs na atualidade)

FICHA TÉCNICA:
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 2011
Qualidade: DVDRip
Formato: RMVB
Áudio: Português
Legenda: S / L
Tamanho: 369 mb

O Show de Truman (Download do Filme)

Um homem tem sua vida inteira filmada e transmitida ao vivo pela TV, 24 horas por dia via satélite para todo o mundo, desde o seu nascimento. O filme começa a partir do episódio 10.909 desde o lançamento do Show. É o 30º ano ininterrupto de transmissão do "show" da vida de Truman Burbank como a primeira experiência de um "show real", pois Truman desconhece ser um personagem. Truman faz o “papel” de um corretor de seguros, é casado, e possui um amigo de infância, que sempre chega a sua casa com cervejas. Todos os dias cumprimenta seus vizinhos, da mesma forma, vai ao jornaleiro comprar revistas para sua mulher, encontra dois senhores que sempre prometem procurá-lo na seguradora.
Tudo acontece num grande estúdio, na verdade o maior estúdio cinematográfico do mundo, que ao lado da Muralha da China é a única construção humana visível do espaço, é uma ilha chamada Seahaven: as casas, as ruas, os automóveis, o céu, o mar, a lua, o anoitecer, e a chuva, tudo se passa dentro de uma enorme cúpula, mas Truman não conhece esses limites: ele nunca viajou, nunca saiu de sua cidade, nunca ultrapassou suas margens. Cerca de 5 mil câmeras, filmam cada movimento de Truman, milhares de pessoas trabalham dia e noite para que o show funcione com total verossimilhança com a realidade. É um mundo dentro de outro mundo. O criador do programa é Christof. O programa é transmitido sem nenhuma interrupção, nem mesmo intervalo publicitário. A publicidade é feita de maneira diferente, explica Christof em uma das poucas entrevistas que concede que “tudo está à venda” o que os atores comem, roupas, até mesmo as casas em que vivem. 
O entrevistador continua a entrevista com Christof e pergunta “por que Truman nunca pensou até agora em questionar a natureza do mundo em que vive?” Christof reponde dizendo que “aceitamos a realidade do mundo tal qual ela nos é apresentada, Truman pode ir embora quando quiser. Se tivesse algo mais que uma mínima ambição, se estivesse absolutamente decidido a descobrir a verdade, não poderíamos impedi-lo. Truman prefere a sua cela. O Show de Truman é uma variação muito interessante do Mito da Caverna de Platão, mas difere da alegoria de Platão em que apenas um prisioneiro se liberta para abandonar as sombras da caverna e conhecer o mundo real, no filme há apenas um prisioneiro, e os demais atores que entram e saem dela.
A fala do diretor do Show, Christof, está de acordo com a ideia do Mito da Caverna: poucos são os inclinados a distinguir entre o mundo das aparências e o mundo das realidades autênticas e poucos são os que se perguntam se vivem uma espécie de jogo de fantoches. Mas podemos imaginar, que se Platão visse o filme ele diria que nem mesmo Truman deixando de considerar como reais as sobras que passam na parede e tivesse podido descobrir os objetos que produzem estas sombras, não teria saído da caverna, não o que Platão considera como caverna. Teria que existir um segundo despertar por Truman em direção ao mundo das Formas, um mundo mais verdadeiro que o nosso. 
O livro VII da obra “A República” de Platão, mostra homens acorrentados, com o rosto voltado para o fundo de uma caverna, onde só enxergam sombras projetadas pelo fogo que há atrás deles, sombras que eles interpretam como as únicas realidades existentes. Se um deles sair da caverna, primeiramente, ficará ofuscado e precisará ser constrangido pelo hábito a ver as sombras, depois os objetos e depois o próprio Sol: se voltar para a caverna, não distinguirá mais nada, e os prisioneiros rirão dele e poderão até matá-lo. É uma alegoria das relações entre o homem e os objetos da linha: nós somos esses prisioneiros; a caverna é o mundo sensível; o fogo que projeta as sombras é o sol; a saída da caverna é a ascensão para o inteligível: o homem liberto, ao voltar para a caverna, é a imagem do filósofo, escarnecido pelos ignorantes. 
A educação é essa ascensão da alma, à qual a cidade deve levar os mais dotados não para a felicidade deles, mas para que desçam de novo a fim de governar a cidade.
FICHA TÉCNICA:
Gênero: Comédia/Drama
Ano de Lançamento: 1998
Qualidade: DVDRip
Formato: RMVB
Áudio: Português
Legenda: S / L
Tamanho: 298 mb

O Enigma de Kaspar Hauser (1974) (Download do Filme)
O instigante filme “O Enigma de Kaspar Hauser” (ano de 1974), do cineasta alemão Werner Herzog, vencedor do Grande Prêmio do Júri, no festival de Cannes, em 1975, levanta para nós um tema filosófico polêmico, a saber: há uma racionalidade própria à natureza humana, ou ainda, é possível admitir uma natureza humana?
Baseando-se em registros históricos, Herzog nos conta o estranho caso de Kaspar Hauser, um jovem encontrado perdido numa praça em 1828, não falava e não conseguia ficar em pé. Passara a vida inteira trancado num porão. Seria possível civilizá-lo? O filme reflete sobre a influência da linguagem e do histórico cultural na percepção da realidade. Isto é, as coisas que aprendemos (gramática, lógica matemática, religião, conhecimentos históricos, comportamentos culturais etc.) afetam a nossa capacidade de compreender os fenômenos que nos circundam. Isto acontece pois, ao associarmos uma ideia a uma palavra ou a uma imagem, estamos limitando o significado da ideia em função de uma definição restrita. As ideias passam a expressar só o que as palavras e imagens conseguem expressar, e não sua abrangência original (antes de serem aprisionadas por palavras e imagens). É como se as ideias fossem coloridas, mas nós só conseguíssemos expressá-las em preto e branco, sacrificando sua integridade original.
Diante de tantas tentativas de entender “O enigma de Kaspar Hauser”, seja como for, ele é incompreendido pela sociedade, que enxerga nele uma anormalidade, tentando até procurar em seu cérebro (após sua morte) uma resposta neurológica para sua condição. É um filme indispensável para educadores, psicólogos e admiradores do bom cinema.
FICHA TÉCNICA:
Gênero: Drama/Baseado em fatos reais
Ano de Lançamento: 1974
Qualidade: Youtube Rip
Duração: 01:49:36 min
Formato: RMVB
Áudio: Alemão
Legenda: Português
Tamanho: 308 mb

Quando Nietzsche Chorou (Download do Filme)
Baseado no best-seller e premiado romance de Irvin Yalom, o filme “Quando Nietzsche Chorou” conta a história de um encontro fictício entre o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (Armand Assante) e o médico Josef Breuer (Bem Cross), professor de Sigmund Freud (Jamie Elman). Nietzsche é ainda um filósofo desconhecido, pobre e com tendência suicidas. Breuer passa por uma má fase após ter se envolvido emocionalmente com uma de suas pacientes, Bertha (Michal Yannai), com quem cria uma obsessão sexual e fica completamente atormentado. Breuer é procurado por LouSalome (Kather Winnick), amiga de Nietzsche, com quem teve um relacionamento atribulado. Ela está empenhada em curá-lo de sua depressão e desespero, assim pede ao médico que o trate com sua controversa técnica da “terapia através da fala”. O tratamento vira uma verdadeira aula de psicanálise, onde os dois terão que mergulhar em si próprios, num difícil processo de auto-conhecimento. Eles então descobrem o poder da amizade e do amor.

Título Original: When Nietzsche Wept
Título Traduzido: Quando Nietzsche Chorou
Direção: Pinchas Perry
Tamanho: 353.1 MB
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 104 Min
Formato: RMVB
Qualidade: DVDRip
Áudio: Português
Legenda: S/L
Ano de Lançamento: 2007
Pais de Origem: EUA

Enigmas de um crime (Download do Filme)

Uma série de assassinatos assombram Oxford ultimamente e a esperança dos moradores da região estão com dois homens: Arthur Seldom, um prestigiado professor de lógica, e Martin, um jovem estudante que acabara de chegar à universidade na expectativa de estudar com o professor. Ao que tudo indica, os crimes estão ligados por códigos, estranhos símbolos e números matemáticos. Professor e estudante juntam suas habilidades para desvendar o mistério e montar esse difícil quebra-cabeças. Na medida que Martin chega perto da verdade, aumenta a sensação de insegurança e incompreensão com o mundo ao seu redor.

Elenco: Elijah Wood, John Hurt, Leonor Watling, Julie Cox, Jim Carter, Alex Cox, Dominique Pinon.

Qualidade: Excelente – 2010


Gênero: Suspense

Idioma: Dublado Português Brasil

Formato: RMVB

Titulo original: The Oxford Murders

Duração: 01 h. 48 min.
Tamanho: 352 Mb.


Quanto vale ou é por quilo? (Download - parte 01 e Download - parte 2)
Livre adaptação do conto "Pai contra mãe" , de Machado de Assis, o filme traz à tona a permanência na atualidade de nosso passado escravista, deixando clara a impossibilidade de olhar o presente sem levar esse passado em conta, assim como as persistentes desigualdades econômicas, sociais e de direitos no país. Na medida em que o conto machadiano é adaptado para a atualidade – nas figuras de Candinho, Clara, tia Mônica e Arminda – Bianchi mostra o elo imprescindível com a História para uma visão crítica da atualidade.
No entanto, para aqueles que ainda não leram o conto de Machado de Assis, o elo fica realmente claro quando Bianchi utiliza como recurso os paralelos com as crônicas de Nireu Cavalcanti, do final do século XVIII, extraídas do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro. Os cortes entre a adaptação do conto e esses documentos do Arquivo Nacional produzem quase que choques sucessivos no espectador, na medida em que igualam a violência, a noção de que pessoas podiam ser propriedade de outras, ou a lógica do lucro do sistema de escravidão no Brasil, ao que hoje é produzido com relação aos excluídos e marginalizados em nossa sociedade.
Mas se por um lado o filme afirma que há reminiscências que nos são constitutivas, também abarca sua incorporação e complexificação nos dias atuais: a miséria ou a prisão como economicamente rentáveis e geradoras de emprego, a solidariedade como empresa ou até mesmo a denúncia como um negócio. No atual jogo "democrático" e de "participação" da sociedade civil em prol de demandas não atendidas pelo Estado, as ongs - ou o terceiro setor, como se convencionou chamar - aparecem no filme funcionando como empresa, incorporando seu discurso típico e objetivando, enfim, o lucro. Responsabilidade social ou solidariedade são exaltadas e mobilizadas como marketing dessa nova indústria que gerencia a miséria e os miseráveis. A crítica ácida de Bianchi recai, portanto, sobre aquilo que muitos têm entendido como solução ou alternativa para os dilemas inerentes ao capitalismo – as ONGs.
Sem freios, tal acidez pode voltar-se inclusive sobre o próprio filme que, no limite, ao tematizar o uso econômico da miséria, faz da denúncia seu negócio. Mas essa possível autofagia encontra como limite o choque do espectador, a proposta de retirá-lo daquele mundo mágico, da inércia confortante dos que criticam e apresentam uma nova proposta ou solução ao final. Sem solução, sem proposta, Bianchi termina o filme com dois finais possíveis, dando a entender que mesmo que não sejam apenas aquelas as opções, é o espectador que dará novos desfechos para a nossa História.

Parte 01 - 209 MB
Parte 02 - 156 MB

O filme conta a saga de dezenas de africanos que a bordo de um navio negreiro espanhol chamado “La Amistad” conseguem matar a maioria dos tripulantes e obrigam os sobreviventes a levá-los de volta para casa na África. Os africanos são enganados pelos tripulantes, desembarcando nos Estados Unidos, onde são presos, sendo privados de suas liberdade sem o devido processo legal, e levados a julgamento por assassinato. Assim começa um longo e controverso processo.
Vida, Liberdade, Igualdade, Segurança e Propriedade serão os direitos constitucionais que identificaremos como infringidas neste filme. Primeiramente só o fato de se tratar de um navio negreiro, onde os africanos são capturados em seus países para servirem de escravos em outro continente, por si só, já é uma afronta a todos os direitos individuais. Pois, nestas condições, eles são tratados como mercadoria e mais ainda, são amontoados em porões dos navios sem a mínima condição de higiene, alimentação, saúde e vida, além de serem torturados a longo da viagem. Nestas condições será que a vida deles é considerada importante?
O direito a vida é inviolável, e é dela que se originam todos demais direitos.
Trata-se de uma barbárie cometida pelo ser humano com o seu próximo, pois ninguém poderá ser submetido a tratamento desumano, degradante ou torturado. A forma com que os escravos eram tratados também fere um dos princípios fundamentais da segurança que diz ser inviolável a honra e imagem das pessoas.

A condição de escravo é inconstitucional, pois a lei assegura que ninguém poderá sofrer pena de trabalho forçado e nem tão pouco ser privado dos seus direitos, pois ao cidadão é garantido a liberdade de escolher o ofício de qualquer trabalho ou profissão.
Percebemos que em todo o contexto do filme o racismo esta presente, o que também fere o princípio da igualdade, pois a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível. Pode-se questionar também que quando os escravos foram retirados de seu país de forma abrupta, como ficaram os direitos de propriedade que porventura alguns deles possuíam? Além da propriedade a casa é asilo inviolável do individuo e eles de lá foram arrancados violentamente.

Enfim, vários atos que ferem os direitos e garantias individuais foram infringidos; como reflexão para a época e também para os dias atuais, uma frase de Ghandi resume bem esta situação; ele dizia: “Sempre foi um mistério para mim, como os homens podem se sentir honrados com a humilhação de seu semelhante”.

Dados do Filme:
Tamanho: 850 MB
Formato: DVDRip/Avi
Idioma: Português
Lançamento: 1997

Equilibrium (Opção de download 1 - Opção de download 2 - Opção de download 3 ) 


Nos primeiros anos do século XXI aconteceu a 3ª Guerra Mundial. Aqueles que sobreviveram sabiam que a humanidade jamais poderia sobreviver a uma 4ª guerra e que a natureza volátil dos humanos não podia mais ser exposta. Então uma ramificação da lei foi criada, o Clero Grammaton, cuja única tarefa é procurar e erradicar a real fonte de crueldade entre os humanos: a capacidade de sentir, pois há a crença de que as emoções foram culpadas pelos fracassos das sociedades do passado. Desta forma existe um estado tolitário, a Libria, que é comandado pelo “Pai” (Sean Pertwee), que só aparece através de telões. Foi decretado que os cidadãos devem tomar diariamente Prozium, uma droga que nivela o nível emocional. As formas de expressão criativa estão contra a lei, sendo que ao violar qualquer regulamento a não-obediência é punida com a pena de morte. John Preston (Christian Bale) é um Grammaton, um oficial da elite da lei, que caça e pune os “ofensores”, além de ter poder para mandar destruir qualquer obra de arte. Um dia, acidentalmente, Preston não toma o Prozia. Pela primeira vez ele sente emoções e começa a fazer questionamentos sobre a ordem dominante.

Dados do Filme:
Tamanho: 803 MB
Formato: DVDRip/Avi
Idioma: Português
Lançamento: 2003

O Primeiro Mentiroso (A invenção da mentira) (download do filme) 249 MB

O Primeiro Mentiroso parte de um princípio bastante interessante e com grandes possibilidades de exploração. Num mundo onde todas as pessoas falam somente a verdade, um homem fracassado (Gervais), diante do desespero de ter perdido todas as coisas, “inventa” a mentira (como no título original). Detendo de uma arma tão poderosa, ele passa a ter todas as coisas que quer e manipular as pessoas do jeito que bem entende. O personagem de Gervais aprende a mentir e passa a dominar o mundo, catequizar as pessoas e tenta achar um sentido para sua vida. No meio de todos os temas batidos, estão o medo da morte, o sucesso profissional e financeiro e a busca por um grande amor (sendo esta a parte mais constrangedora de todo o filme, com a personagem de Jennifer Garner parecendo um fantoche nas mãos de diretores que não conseguem manipulá-la corretamente). 




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