A Beleza como valor universal

Na contramão do que vem sendo produzido em grande parte do meio artístico na atualidade, o filósofo inglês Roger Scruton clama pela retomada da beleza como critério universal.
A estética é o ramo da Filoso- a que, entre outros temas, ocupa-se do belo. Contudo, e como muitos – inclusive pessoas sem conhecimento especí co de estética ou de técnica artística – têm observado, um curioso fenômeno vem ocorrendo nos últimos 150 anos: o conceito de obra de Arte (outro tema do qual a Estética trata) se estendeu consideravelmente: tijolos, camas desarrumadas, mictórios, copos são considerados obras de Arte pela comunidade especializada, expostos em museus e alvo de olhares tanto admirados quanto espantados. Seja qual for a nova de nição de obra de Arte, ela certamente não inclui a beleza como critério indispensável e eliminatório.
Muito provavelmente todos já tiveram a experiência de, ao estar diante de algumas obras de movimentos que podemos reunir sob o nome de “modernistas”, ser preenchido por um sentimento de estranheza. Isso porque essas obras, na maior parte das vezes, não primam pelo tradicional e universal critério da beleza. Podem ser até feias ou simplesmente não ter sentido algum. Por isso, o passo seguinte de quem as vê é rejeitar essas obras e não considerá-las Arte. Essa é a reação do apreciador comum, que os adeptos de correntes artísticas modernas atribuem à incompreensão ou ao preconceito.
André Assi Barreto é Bacharel em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu (USJT) e Mestrando em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Professor de Filosofia da Escola Estadual Sapopembawww.andreassibarreto.org
Não é isso, porém, que pensa o filósofo inglês Roger Scruton (1944). Ele, que se dedica a essa questão, faz apologia da beleza e clama pela retomada do belo. E faz isso especialmente em duas de suas obras: um documentário encomendado pela BBC, Why Beauty Matters?¹ e o livro Beauty². Para sustentar sua posição, Scruton remete-se a uma longínqua tradição de filósofos: vai de Platão a Kant, passando pelo conde de Shaftesbury, que influenciou o pensamento de Kant. Também relembra que o objetivo da Arte, seja ela expressa em Poesia, Música, Artes Plásticas e até mesmo Arquitetura, para qualquer pessoa letrada que viveu entre os séculos XVII e XIX era a busca da beleza, um valor, segundo o filósofo, universal, equivalente ao bem e à verdade. É importante destacar essa lembrança, tendo em vista que Scruton é um pensador de matriz conservadora e pretende restabelecer parte da ordem de uma certa tradição (leia o box desta página).
PARA OS evolucionistas, a beleza tem raízes anteriores à Cultura. Biólogos, geneticistas e mesmo filósofos da Ciência buscam evidências de beleza universal como belas paisagens ou simetria corporal para afirmar que, antes de tudo, a beleza não está nos olhos, mas nos genes de quem vê
A reflexão proposta por Scruton é, como ele próprio enfatiza, estritamente filosófica. Poderia ter um viés tanto psicológico quanto evolucionista3para explicar a estética, mas, como mostraremos no tópico “A beleza como inerente à natureza humana”, Scruton fundamenta sua concepção estética em termos exclusivamente filosóficos.
Um dos motes para exemplificar sua argumentação é o clássico Urinol do francês Marcel Duchamp (1887-1968). Duchamp assinou um Urinol com um nome fictício e o expôs como obra de Arte, inaugurando a tendência que é alvo da crítica de Scruton. A partir do século XX, assevera Scruton, a Arte deixou de buscar a beleza e passou a promover um culto à feiura, além de ter por objetivo a originalidade a todo custo. Tal tendência não se restringiu apenas às artes plásticas, mas também tomou conta da arquitetura4, que se tornou “desalmada e estéril”, o que, na avaliação de Scruton, explica a quantidade de prédios abandonados e depredados na Grã-Bretanha e a popularidade de pequenos comércios, instalados em prédios construídos nos moldes da arquitetura vitoriana. Em seu documentário, Scruton rememora, com saudosismo, a cidade onde nasceu, um típico vilarejo com construções vitorianas.
O lósofo inglês considera que vivemos em uma época egoísta, individualista ao extremo, em que cada um está ocupado exclusivamente em garantir o próprio prazer. Por mais de dois mil anos, segundo ele, a Arte serviu como remédio para os problemas da sociedade, uma maneira tanto de relatar como de escapar da infelicidade da vida cotidiana; atualmente, em vez disso, a beleza foi posta de lado e a Arte não serve de refúgio, mas dá suporte ao egoísmo dos nossos dias. Roger Scruton aponta o culto à feiura e o pragmatismo como as principais causas do problema.
NO LIVRO A Condição Humana, Hannah Arendt pensa a obra de Arte como fonte imediata da capacidade humana de pensar. Para ela, tal capacidade transforma a dor inarticulada do animal humano em forma polida que transcende e transforma o sentimento primevo e simboliza o ser no mundo
O CULTO À FEIURA E O PRAGMATISMO 
Dois cultos são responsáveis, de acordo com Scruton, por essa tendência da Arte moderna, que virou as costas para a beleza: o culto à feiura e o culto ao valor prático das coisas. No primeiro caso, argumenta ele, a Arte, ao abandonar a beleza, perdeu seu principal objetivo, o de fazer com que atribuamos sentido à vida, nos consolando das tristezas, como para Platão, ou ainda, como defendiam os filósofos iluministas, ajudando a galgar alguns degraus da escadaria que nos conduz para longe das banalidades do cotidiano.

A partir de um momento decisivo da história da Arte, a beleza teve sua importância diminuída. O propósito da Arte deixa de ser atribuir sentido à vida e é substituído pelo desejo de causar impacto a todo custo. O caminho mais curto para isso, de acordo com Scruton, foi romper com a moral tradicional e estabelecer o escárnio moral. A quebra de tabus passou a ser a bandeira da Arte dita moderna: profanar e dessacralizar o sacro, cultuar o feio, levando todos, dos especialistas ao apreciador comum, à total confusão. Isso se deve a uma concepção de Arte equivocada, dpresente no discurso de parte da crítica: “O repúdio à Beleza ganha força com base em uma visão particular da Arte moderna e de sua história. De acordo com muitos críticos atuais, um trabalho de justi ca a si próprio ao anunciar-se como um visitante do futuro. O valor da Arte está em chocar: a Arte existe para nos despertar de nossa situação histórica e nos lembrar da interminável mudança, que é a única coisa permanente na natureza humana”5.
Já o culto ao valor prático das coisas levou ao estado atual, que, por sua vez, faz com que o valor das coisas resida na sua utilidade prática – o chamado pragmatismo6. Scruton menciona em seu documentário que Oscar Wilde já a rmava que “toda Arte é inútil”, mesma posição de Hannah Arendt. A beleza (e a Arte) não têm utilidade, mas é justamente por isso, enfatiza Scruton, que podemos ressaltar sua importância como valor universal; valor que, no entender do lósofo inglês, está enraizado na própria natureza humana. Com isso ele remete sua apologia da beleza a Shaftesbury e a Kant.

A QUEBRA DE TABUS PASSOU A SER A BANDEIRA DA ARTE 
DITA MODERNA: PROFANAR E DESSACRALIZAR O SACRO, 
CULTUAR O FEIO, LEVANDO TODOS À TOTAL CONFUSÃO
Scruton critica o Urinol de Marcel Duchamp dizendo tratar-se de um “culto à feiura”, que tira da Arte o objetivo de dar sentido à vida e embelezar o cotidiano
A fruição estética é uma atividade desinteressada e, portanto, inútil. Mas isso desmerece em algum sentido a contemplação? Não, no mesmo sentido em que a amizade, o amor, o ato de ouvir uma música ou ainda o sorriso de um bebê, embora não tenham “utilidade prática”, não perdem seu valor nem passam a ser coisas que dispensamos sem sofrer algum tipo de consequência. Mesmo sem ter uma utilidade prática de nida, você já se imaginou sem amor, sem amizade, sem apreciar boa música, bom cinema? Ou, lembrando de novo a arquitetura – inútil, da perspectiva pragmatista –, não nos sentimos muito melhor em um prédio belo? A busca das pessoas, na Grã-Bretanha, de prédios construídos no período vitoriano não corroboraria essa hipótese?
O segredo da Arte tradicional, que servia de bálsamo para a vida, era a valorização da criatividade, ao passo que os movimentos artísticos atuais primam pela exaltação do banal e pela quebra de tabus morais, o que conduz, em primeiro lugar, à impressão e depois à óbvia certeza a que todos, nós e Scruton, chegamos: boa parte do que aí está, e que vem sendo considerado obra de Arte, não o é. Algo não é transformado em Arte, num passe de mágica, por reproduzir as frivolidades cotidianas (como An Oak Tree, de Michael Craig, 1973, que mostra um copo sobre uma prateleira de vidro, ou My Bed, de Tracey Emin, 1998, que é uma cama desarrumada). E nada pode ser chamado obra de Arte por decreto verbal do artista. Para que a Arte retome sua trilha, defende Scruton, é preciso que ela retorne para a beleza, como foi prescrito por lósofos e praticado por artistas de uma tradição de mais de dois mil anos.

L’Estasi di Santa Teresa, de Gian Lorenzo Bernini (1598-1680), é outra obra que se encaixa no conceito de belo de Scruton. Para o filósofo, não existiria gosto estético “melhor” ou “pior”. Todos teriam como referência um padrão de beleza comum à humanidade.
ADEUS À RAZÃO? A crítica de Scruton não se limita à Arte, mas repousa sobre um diagnóstico muito mais amplo, que também é marca registrada de nossa época: o desprezo à razão7, tão valorizada pelos lósofos iluministas em especial e pelos modernos em geral. Deixam de existir os critérios universais – sejam lógicos ou de gosto – e todas as opiniões passam a ser igualmente válidas, todas as culturas expressam formas de conhecimento igualmente dignas de consideração e têm o mesmo valor epistêmico. Grosso modo: trata-se do relativismo radical apregoado pela maior parte dos lósofos pós-modernos, que também são alvo da crítica feroz de Scruton, como Gilles Deleuze, Felix Guattari, Michel Foucault e Richard Rorty.
Certamente que, num mundo onde a Ciência é considerada apenas o mito da nossa era, líderes religiosos islâmicos e prêmios Nobel são autoridades dignas de igual atenção tanto em matéria de física como de biologia, pois, a nal, há apenas o choque de culturas, nem “nossa” cultura está certa em permitir que homens e mulheres votem, tampouco a cultura islâmica está errada em des gurar a face das mulheres adúlteras com ácido, trata-se apenas de culturas diferentes, dignas de igual respeito e consideração. Qualquer coisa diferente disso não passa de “preconceito ocidentalista”, argumenta Scruton em algumas de suas obras e artigos.
Inserindo a discussão estética nesse contexto mais amplo, ca claro que não há o menor espaço para a admissão de um gosto estético “melhor” ou “pior”, alega Scruton; só existiriam gostos estéticos (sempre no plural). Se o seu diz que uma lata contendo excrementos (Artist’s Shit, de Piero Manzoni, 1961) é Arte, quem são todos os outros para dizer que não? Isso porque não há verdadeiro ou falso, não há bem ou mal, certo ou errado; se nada disso existe, por que haveria espaço para o bom ou para o mau gosto estético?
Estética e beleza
Sendo a Estética (ou Filosofia da Arte) o ramo da Filosofia ocupado com os problemas levantados pela
Arte, com considerações sobre a beleza e com as demais formas de expressão da cultura, ela procura
responder a perguntas como “o que é Arte?”, “o que é uma obra de Arte?”, “o que é o belo?” Procura,
também, analisar as questões surgidas na busca de respostas a essas perguntas e nas próprias
respostas. O substantivo foi introduzido da literatura filosófica por Alexander Gottlieb Baumgarten 
(1714-1762) em 1750 com um livro homônimo (Aesthetica)¹.
A beleza, objeto de estudo da estética, é assim tratada por Scruton: “A beleza pode ser consoladora,
perturbadora, sagrada, profana, pode ser hilariante, atraente, inspiradora, reservadamente. Afeta-nos
numa ilimitada variedade de maneiras. Contudo, nunca é vista com indiferença: a beleza demanda que
seja anunciada, fala diretamente a nós como a voz de um amigo íntimo. Se existem pessoas que são
indiferentes à beleza, então isso se deve claramente ao fato de elas não a perceberem”².
¹Abagnanno, Dicionário de Filoso a, 2007, p. 426.
² Beauty, 2009, p. IX. Tradução nossa.

EM UM CONTEXTO NO QUAL TUDO É PERMITIDO, É ESSENCIAL CENSURAR O PROIBIDOR, É UM TOTALITARISMO QUE EXCLUI TUDO AO SEU REDOR, EXCETO OS RELATIVISTAS

Artist’s Shit, do italiano Piero Manzoni (1933- 1963), um dos precursores da Arte Conceitual. Manzoni costumava trabalhar com material “natural” com o objetivo, explicou, de “dar forma concreta a valores autênticos”
Trata-se de um apelo colossal a um subjetivismo totalitário, afirma Scruton. Totalitário em que sentido? Nem mesmo os proponentes do relativismo acreditam no que propõem, pois são os primeiros a censurar aqueles que os reprovam. Se todos os gostos estéticos são igualmente válidos, por que se brada contra os que têm um gosto estético fundado na beleza? É muito simples, afirma Scruton: num contexto em que tudo é permitido, em que nada é proibido, é essencial proibir, censurar o proibidor. É um totalitarismo que exclui tudo ao seu redor, exceto os relativistas.
Mas quais as razões que levam Scruton a rejeitar o subjetivismo estético? Como veremos a seguir, ele considera que a beleza é um valor, dentre alguns outros, que estão enraizados na natureza humana.

Artist’s Shit, do italiano Piero Manzoni (1933- 1963), um dos precursores da Arte Conceitual. Manzoni costumava trabalhar com material “natural” com o objetivo, explicou, de “dar forma concreta a valores autênticos”
BELEZA INERENTE À NATUREZA HUMANA Talvez soe demodé falar de natureza humana hoje em dia8, quer em relação à Filoso a, quer no campo cientí co, mas a argumentação de Scruton segue esse caminho e indica que tanto a busca como a necessidade da beleza são marcas indeléveis da natureza humana. Como uma das características essenciais da natureza humana é a racionalidade, é justamente na busca racional da beleza, autorizada por nossa natureza, que podemos fugir do subjetivismo estético característico de nossa época: “Nenhum gosto pode ser criticado, (...) já que criticar um gosto nada mais é do que dar voz a outro”9. Na contramão dessa a rmação, Scruton argumenta em Beauty que os juízos estéticos têm uma fundamentação racional e, portanto, objetiva. Tanto o subjetivismo estético, “todos os gostos são equivalentes”, como o ceticismo, “não há verdade nem falsidade, erro nem acerto em relação à estética” são peremptoriamente rejeitados por Scruton.
A beleza não entra em competição ou nem sempre, necessariamente, está lado a lado com a bondade. Mas nossa incansável busca da beleza enraíza ambas em nós e nos de ne como humanos: “A beleza está, portanto, rmemente enraizada no esquema das coisas, tal como a bondade. Ela fala a nós, tal como a virtude fala a nós; trata-se de um preenchimento: não de coisas que desejamos, mas de coisas que devemos fazer, porque a natureza humana as requisita10.
Tal como as formas a prori da razão, apresentadas por Kant na Estética Transcendental, a beleza seria uma característica que nos de ne como sujeitos racionais, capazes de compreender o mundo. Tanto sua busca como sua concretização nas mais variadas formas de Arte são necessidades imprescindíveis a todo ser humano. De modo que abdicar da busca da beleza, como a Arte moderna faz, é abrir mão de uma herança cultural riquíssima, é tornar a vida mais difícil, mais cinzenta, fazendo com que a principal função da Arte – fornecer consolo para o cotidiano, como já foi dito aqui – se perca.

A natureza do feio
Se a discussão sobre a natureza da beleza já remonta mais de dois milênios, a feiura foi, em
comparação, muito pouco pensada, tendo sido, inúmeras vezes definida apenas como o 
“oposto do belo”. Entretanto, assim como seu antípoda, o feio tem características próprias e 
particulares. Para dar uma face ao feio, o filósofo e prolífico escritor italiano Umberto Eco (1932-) 
produziu sua História da Feiura, que, irônica e sintomaticamente, só veio 
depois de sua História da Beleza. A obra explora o “feio, que é relativo ao tempo e a cultura”.
Daí observa-se em progressão histórica, em um livro verdadeiramente pictográfico, a lendária feiura 
de Sócrates contrastada com sua beleza interior além do ícone do horror absoluto da antiguidade: 
a Medusa. No intuito de ilustrar a feiúra medieval, Eco seleciona uma sequência artística com os 
três principais tópicos do imaginário cristão da época, sendo elas figuras que mostram o inferno e 
o demônio, representações da morte e a corporalidade e o sofrimento de Cristo e dos mártires. 
Uma conclusão é tomada já que feio é, na maioria das vezes, relacionado ao medo. Mas é na última 
parte do livro que o autor abre o jogo e conceitualiza o que ele quer dizer com feiura. E usa como 
exemplo esclarecedor o trítono, que é o intervalo entre notas musicais proibido na Idade Média. 
Isso porque se dizia que ele evocava diabolus por conta da tensão e excitação causada nos ouvintes. 
Logo, o feio é o que causa tensão, algo explicitado no livro por uma fala de George Romero, diretor 
do filme clássico e atual em suas escolhas estéticas A noite dos Mortos Vivos.

1Por que a beleza importa?, 2009.
2O livro, lançado em 2009, ainda não tem tradução para o português.
3A despeito da rejeição de Scruton, para os interessados nessa perspectiva sugerimos o lósofo Dennis Dutton, na palestra “A darwinian theory of beauty”. Ver Referências.
4Scruton também tem um excelente livro, este traduzido para o português, sobre arquitetura, intitulado Estética da Arquitetura (Lisboa: Edições 70, 2010).
5 Beauty, 2009, p. 169. Tradução nossa.
6A referência é o pragmatismo atribuído ao lósofo estadunidense Richard Rorty (1931-2007).
7A posição de Scruton pode ser melhor compreendida com a leitura do texto
“What ever happened to reason” de 1999.
8Ou nem tanto, se levarmos em consideração o trabalho esplendoroso do canadense Steven Pinker, psicólogo, professor e pesquisador de ciências cognitivas em Tábula Rasa: a negação contemporânea da natureza humana.
9Beauty, 2009, p. IX, tradução nossa.
10Idem, p. 147, tradução e grifo nossos.

Texto tirado da revista: Filosofia Ciência & Vida

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